A chegada da TV Digital no Brasil traz à tona novamente as discussões sobre a sobreposição de meios e queda de público nos cinemas. A qualidade de imagem e som está cada vez mais avançada e acessível às casas, através de home theaters e outros equipamentos. O lançamento de filmes mundiais se dá quase instantaneamente nas grandes cidades do mundo. É possível – através da Internet – captar filmes produzidos em diferentes campos mundiais. O que garante a sobrevivência das sessões de cinema?
Opiniões foram confrontadas no Fórum Audiovisual Mercosul, em Florianópolis, evento que reúne, anualmente, profissionais de cinema do Mercosul e que debate temas relativos à produção e à distribuição de material audiovisual entre países.
Há uma dicotomia entre o produzir em digital e o exibir em digital. Para Chico Faganello, diretor catarinense, os problemas de distribuição e o predomínio das grandes produções tende a continuar. A solução é criar espaço para direcionar o conteúdo para o público-alvo. Para Luís Vainikof, da Artkino Filmes, da Argentina, já há problemas internos na questão de distribuição de filmes em película e, entre os países do Mercosul, a situação é ainda pior. “Com o crescimento das produções em digital, mais baratas, haverá um maior número de filmes sem espaço para distribuição nos cinemas”, afirmou.
O grande temor do produtor é o de que o espectador, que tem acesso a produções, principalmente independentes, prefira “consumir” este material na própria casa. O conforto e os avançados recursos domésticos são alguns atrativos que podem diminuir a freqüência do público nas salas de cinema. Para Vainikof, quanto mais produções, mais problemas. “Já não há investimentos para as produções atuais, com o aumento das produções, aumentam os problemas”, avalia.
A produção em digital vai mudar também o perfil dos profissionais envolvidos. Material mais barato, atrai gente mais jovem para as produções e tende a agilizar toda a produção audiovisual.
Outro tema levantado no debate diz respeito à pirataria. “Quanto mais rápido e barato se distribui um filme, menor é a pirataria”, apresenta Roberto D´Avila, produtor que vê na distribuição um dos grandes problemas do audiovisual.
Outra saída para garantir o público do cinema é, segundo ele, criar salas de projeção multimídia, como cafés-cinema. O marketing investido em um filme torna-se também o grande diferencial. Quando se vende o conceito do filme como um produto, independe da forma com que foi produzido ou exibido, o público vai procurá-lo. Para Roberto, a garantia de manter as salas de cinema pode estar na impressão que se tem ao entrar no espaço. A sensação de ver um filme em tela grande e os efeitos visuais devem manter o cinema por várias gerações.
Ao final da discussão, Luis Vainikof apontou: “Teremos tecnologia de primeiro mundo, em países não preparados, principalmente com falhas inaceitáveis em distribuição”.
outubro 13, 2008
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